Conheça o professor especialista em inovações pedagógicas

08 out | 7 minutos de leitura

Métodos mais interativos e atrativos que chamam atenção dos alunos

Thiago construiu uma carreira voltada para a administração. Formou-se na área e trabalhou como Executivo de Marketing da marca L’Oréal no Brasil e na França. Porém, ao longo desse processo, Thiago percebeu que seu caminho era outro: a sala de aula.

Thiago Almeida morou em Juiz de Fora por nove anos, deixou a cidade em 2006 e retornou para a princesinha tem pouco tempo. Entre idas e vindas, ele percebeu que estar em uma sala de aula deveria ser sua profissão. Ele conta que sua relação com o ensino é antiga e não planejada. “Sempre foi natural me imaginar professor e pensar em educação. Desde a época em que eu era o aluno, eu tinha preocupação em prestar atenção nas estratégias didáticas dos professores. Minha primeira experiência dando aulas foi ensinando meus colegas a tocarem violão. Mas fui por um caminho diferente”, conta Thiago.

Foto: Reprodução

A saída do marketing

A faculdade escolhida foi Administração e ele acabou seguindo carreira. Thiago destaca que ele gostava de sua antiga profissão, mas algo falou mais alto. “Eu gostava de ser gestor, mas a sala de aula me chamava mais atenção. Eu me sentia melhor com o prazer intelectual do ensino e então, comecei a lecionar”. 

Thiago começou a fazer uma transição de carreira, com mestrado e doutorado, e a partir disso começou a lecionar formalmente no ensino médio e na graduação. “Já inserido na sala de aula, percebi que a minha grande motivação estava associada a um desconforto que sempre senti com o modelo institucional e instrucional, modelo que faz parte da premissa de que a aprendizagem é um processo de transmissão de que o professor é o dono do conhecimento”, conta Thiago.

Foto: Reprodução

Novo modelo de ensino

Thiago conta que a ideia de ensino em que o professor transmite seu conhecimento para o aluno através da fala e que o estudante, para ter sucesso, precisa ser um bom ouvinte já não possui o mesmo efeito que antigamente. “Essa ideia é comprovada já há algumas décadas por diversas pesquisas no campo da educação. Comecei a me interessar por essa questão da aprendizagem pelo viés da inovação pedagógica e nos processos de aprendizagem”, diz o professor.

Já lecionando na Ibmec, na ESPM, no Centro Universitário Celso Lisboa, Thiago iniciou um trabalho de pesquisa sobre a temática da inovação pedagógica e começou a adotar práticas inovadoras em seu trabalho como professor. “Para entender o que eu precisava fazer, comecei a mapear o que estava acontecendo de relevante no mundo, estudei o sistema educacional finlandês, que é tratado por muitos como o mais inovador e eficiente do mundo, o movimento de micro escolas nos Estados Unidos, comecei a entender as startups de inovação educacional e isso acabou me levando a um redirecionamento de carreira dedicado a inovação pedagógica”, explica Thiago.

Foto: Reprodução

Especializações e carreira

Thiago é bacharel em Administração pela ESPM Rio, é mestre pela PUC – Rio na área de administração de empresas, é doutor em administração pelo COPPEAD / UFRJ com área de estudo em Gestão, Inovação e Educação.

Thiago também se especializou nos modelos de aprendizagem colaborativa e ativa, aprendizagem por projetos, método do caso, aprendizagem baseada em equipes e problemas. “Além disso, comecei a investigar uma série de inovações que envolviam tecnologias digitais, como o caso da robótica educacional, programação infantil e da cultura maker. Atualmente, leciono como professor substituto da UFJF na faculdade de administração e professor da pós-graduação da IESPE. Sou idealizador e diretor executivo da Escola Hub, uma escola inovadora de ensino básico”, conta Thiago com orgulho de sua carreira

A escola:

Thiago conta que o projeto da Escola Hub é ser inovadora, alinhada com a perspectiva de escolas focadas no desenvolvimento humano, onde o modelo pedagógico é baseado em aprendizagem ativa e colaborativa. A proposta da escola é que os estudantes sejam inventores, artistas, empreendedores e cidadãos críticos e sustentáveis.

Foto: Reprodução

O lado negativo do modelo tradicional

Thiago conta que o método comum de ensino pode se tornar disperso para os alunos, pois são disciplinas disseminas ao longo do período da graduação e isso pode dificultar a conexão do conhecimento pelos estudantes. “Os professores não necessariamente se conhecem, talvez não dialogam e constroem a experiência de aprendizagem do estudante, o que pode dificultar a relação entre as disciplinas”, explica Thiago.

Outro ponto que o professor destaca é a disciplina distante do mercado. “No currículo da disciplina o foco está no desenvolvimento de conhecimentos. Mas, na vida real, ter apenas o conhecimento não é suficiente, sendo necessário e importante possuir habilidades e atitudes, para garantir uma ação eficaz”, diz.

Foto: InfoGeekie

Pensando nisso, Thiago e a educadora, pesquisadora e gerente de inovação pedagógica no Centro Universitário Celso Lisboa, Maitê Russo, analisaram algumas questões e chegaram a seguinte conclusão sobre o modelo tradicional de ensino:

1 – As aulas tradicionais não despertavam interesse dos alunos;

2 – As disciplinas possuíam baixo nível de conexão com a vida real e profissional;

3 – Ofereciam pouco espaço para os estudantes apresentarem suas opiniões e visões de mundo.

4 – Os conteúdos apresentados eram excessivos e com pouco significado;

5 – A motivação que os alunos possuíam era o medo de notas baixas;

6 – Provas com formato tradicional não mediam aprendizados relevantes.

Analisando esses pontos, Thiago começou a colocar em prática todo o conhecimento que adquiriu de inovações pedagógicas.

Atividades práticas (Foto: Reprodução)

Valeu a pena?

Thiago conta com orgulho: “Os resultados até agora têm nos impressionado. Os estudantes estão apresentando um nível de engajamento acima da média histórica, há redução drástica no número de faltas, crescimento exponencial do tempo de uso da biblioteca, resultados dos projetos finais impressionando pela dedicação e capacidade de elaboração de solução, e alunos capazes de resolver problemas muito mais complexos do que no modelo tradicional”, conta Thiago.

Analisando o sistema atual, Thiago destaca: “O sistema brasileiro de ensino vive hoje um dilema, uma crise de paradigma. Mas já começamos a observar um número de instituições, que ainda são minoria, mas já são volumosas, que buscam adotar modelos pedagógicos inovadores, pois entendem as limitações do modelo tradicional e já há um consenso em termos de pesquisa com relação a isso”, finaliza o professor.

Thiago Almeida e alunos (Foto: Reprodução)

Conheça os termos e métodos usados pelo professor Thiago Almeida:

Aprendizagem Colaborativa: é um recurso na área de educação, que surge da necessidade de inserir metodologias interativas entre o aluno em conjunto com o professor para que estabeleçam buscas, compreensão e interpretação da informação.

Aprendizagem Ativa: o aluno é o personagem principal e o maior responsável pelo processo de aprendizado. O objetivo dessa prática é incentivar os professores a desenvolver a capacidade de absorção de conteúdos de maneira autônoma e participativa.

Aprendizagem por projetos: é uma pedagogia que tem o objetivo de promover o aprendizado profundo através de um foco baseado em questões para engajar os alunos com questões e conflitos que sejam ricos, reais e relevantes.

Método do caso: a forma de ensino é baseada no uso de casos reais de organizações ou situações de negócio, colocando os alunos para tomarem decisões, simulando o mercado de trabalho.

Aprendizagem baseada em equipe: é direcionada para pequenos grupos de aprendizagem, formando equipes de 5 a 7 estudantes, que vão trabalhar na mesma sala de aula. Pode ser usada para grupos com mais de 100 estudantes e grupos menores, com até 25 alunos.

Cultura Maker: é uma extensão da cultura do “Faça-você-mesmo, ou Do-It-Yourself“. Esse movimento tem como objetivo a ideia de que as pessoas comuns podem construir, consertar, modificar e fabricar os mais diversos tipos de objetos e projetos com suas próprias mãos.

 

 

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