Confira entrevista com juiz-forano de 14 anos, campeão nacional do Slam Interescolar

12 nov | 4 minutos de leitura

Além de versos e rimas

Pouca idade e muito talento. Ícaro Renault é de Juiz de Fora, tem 14 anos e foi campeão nacional do Slam Interescolar 2018. A final, que aconteceu em Belo Horizonte no começo de novembro, mostrou para o Brasil o talento do jovem estudante.

Agora, quer uma novidade? Ícaro vai participar, em 2019, da Copa Mundial de Poesia, que é realizada na França.

Ícaro Renault foi o vencedor do Interescolar BR! Representante de Minas Gerais na final nacional, Ícaro é estudante do…

Posted by Slam Clube da Luta on Thursday, November 8, 2018

Ícaro Renault

O que é Slam?

O Slam é uma competição de poesia falada conhecida mundialmente há mais de 30 anos. Foi criado nos Estados Unidos e espalhado por vários países como uma competição derivada do Spoken Word (Poesia Falada). A competição possui algumas regras: os poemas são autorais e precisam ser recitados em até três minutos, não pode ter acompanhamento musical, elemento de cena ou figurino.

 

A história de Ícaro com o Slam

Ícaro começou, em 2017, a participar como poeta nos Slams e batalhas poéticas da Ágora, que são direcionados a alunos de Ensino Fundamental e Médio. Em 2018, das seis batalhas que o estudante participou, ele venceu cinco, além do Slam Interescolar MG, que foi realizado em Juiz de Fora em outubro. O evento contou com a presença de poetas da cidade, além de Belo Horizonte e Uberaba. Ícaro foi classificado para o Slam Interescolar BR nesse concurso.

 

Confira a entrevista que fizemos com Ícaro:

 

Como foi o primeiro contato com o Slam?

Meu primeiro contato com o Slam foi através da confraria dos Poetas, que organiza em Juiz de Fora o Slam Poético da Ágora. Fui convidado pelo presidente da confraria, Éric Meireles, para contribuir com o projeto que ele estava trazendo para a cidade. Era uma experiência nova e não sabia direito como funcionava. Na época eu já escrevia, mas não declamava nas competições.

 

Como você escolhe os conteúdos?

Os conteúdos dos meus textos, geralmente, tem um viés político. Nasci numa casa de militantes, que lutam pelo bem comum e acreditam que é possível construir uma sociedade mais justa e igualitária. Mas como tenho 14 anos, trato também de assuntos relacionados à resistência juvenil, como a crítica ao sistema educacional, a falta de oportunidades para a juventude e alguns temas históricos que refletem no presente.

 

Como são feitas as pesquisas para montar os poemas?

A pesquisa depende do tema. No caso de questões da juventude, a pesquisa é o meio em que vivo e as escolas onde recito. Nas questões políticas e históricas, além do estudo do assunto, conto com a ajuda dos meus pais que me colocam em contato com a literatura dos temas escolhidos por mim, e em alguns momentos esses temas geram debates em casa. Minha irmã e minha mãe são as maiores críticas do meu trabalho, principalmente quando o assunto é o machismo. Elas são feministas e fazem parte do Coletivo Maria Maria.

E as letras? Como é a inspiração para produzi-las?

A inspiração vem dos problemas enfrentados pela nossa sociedade e de fatos vividos que me causam incômodo, como o racismo, a homofobia, o machismo, xenofobia e todo tipo de opressão, mas sempre respeitando o lugar de fala dessas pessoas, pois não posso esquecer que tenho privilégios nessa sociedade desigual, sou branco, hétero, Cis, e não moro na periferia.

 

Um dos grandes nomes do Slam em Juiz de Fora é a Laura Conceição. Quem são suas inspirações?

Laura Conceição é uma das minhas grandes inspirações e incentivadora do meu trabalho. Ela está do meu lado, sempre me ajudando, dando conselhos e até broncas. Outra referência também é João Paiva, poeta de BH que já foi campeão do Slam BR. Sou admirador do seu trabalho, visto que, suas poesias me tocam profundamente. E todos os poetas que batalham comigo, pois o slam é muito mais que uma competição, é um ambiente onde podemos nos expressar e ser ouvidos.

 

Para quem quer começar a fazer Slam, qual a sua dica?

Para quem quer começar a slamizar a minha dica é não ter medo de se expressar, pois o Slam antes de ser uma competição é espaço de luta, debate de ideias e é agregador. Estamos lá para mostrar nossa arte, mas também para ouvir o que os outros poetas têm a dizer.

Ícaro Renault

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