VICE: um filme muito melhor do que Dick Cheney

21 fev | 1 minuto de leitura

Confira a nossa crítica sem spoilers

Em 2015 Adam McKay chamou a atenção do Oscar ao lançar A Grande Aposta. Levando em consideração a temática, o filme sobre a crise imobiliária de 2008 tinha tudo para ser entediante para o grande o público. No entanto, McKay, ao lado de um elenco estrelado, utilizou uma linguagem muito dinâmica e moderna para fazer um ótimo filme, que venceu a categoria de roteiro no Oscar de 2016.

Três anos depois, ele está de volta para contar, de uma forma parecida, a história de um dos políticos mais inescrupulosos e influentes dos Estados Unidos.

Dick Cheney foi vice-presidente americano durante o governo de George W. Bush e teve participação decisiva nas ações internacionais do país durante os anos 2000. Considerado uma das figuras emblemáticas da linha mais agressiva existente no partido republicano, Cheney foi diabólico em alguns momentos de sua carreira política, e McKay fez questão de deixar isso claro em Vice.

Roteiro e montagem são os dois pontos mais fortes do filme, pois conseguem inserir elementos narrativos inesperados e fazer conexões e analogias fantásticas. Não por acaso, Vice está indicado ao Oscar 2019 em ambas as categorias. McKay possui uma visão de storytelling diferenciada e muito adequada à modernidade das novas gerações, apesar de trabalhar assuntos densos.

Também é fundamental destacar Christian Bale, intérprete de Cheney. Bale, como de costume, mudou a aparência, moldou a própria voz e estudou a história do político. É a grande atuação masculina de 2018, tanto pela dedicação física quanto pela capacidade de interpretar um personagem tão complexo, real e diabólico de uma maneira convincente. O restante do elenco também não decepciona. Amy Adams, Sam Rockwell e Steve Carell estão muito bem em Vice, e todos mereciam uma indicação ao Oscar (apenas Carell ficou de fora, por sinal).

Vice é um filme de muita personalidade e temas polêmicos. Uma produção impecável e planejada em todos os detalhes. No entanto, o trabalho de Christian Bale e a linguagem de Adam McKay são impressionantes e aparecem como os pontos mais memoráveis. E é fato: Dick Cheney não merecia tamanha qualidade.

 

Nota: 4,5/5