Superação e skate: conheça a história do juiz-forano Iuri Maggi

10 set | 5 minutos de leitura

O esporte transforma vidas, rumos e destinos

Quem conheceu Iuri Maggi na adolescência, não imaginava que seu destino seria modificado pelo esporte. Hoje, o atleta profissional de skate irá disputar o Circuito Sul-Americano de Skate Downhill.

Foto: Thiago Britto

O primeiro contato com as drogas foi aos 11 anos, e com o passar do tempo, a quantidade e variedade de substâncias só afundava a história do garoto. Ele chegou ao fim do poço, como ele mesmo conta, e isso foi a gota d’água. Iuri viu-se perdido, mental e espiritualmente. Não é fácil. Nem simples. Iuri conta que, como era jovem, não tinha como perder dinheiro para as drogas, mas a perda espiritual foi enorme.

O primeiro passo para sair desse mundo foi quando percebeu que era e poderia ser mais do que aquilo. “Quando percebi que estava no fundo do poço, tive humildade e pedi ajuda, pois não iria conseguir sozinho. Meus amigos e família me apoiaram totalmente. Percebi que, se continuasse usando drogas, meu destino seria simples: ou estaria morto, ou preso ou em alguma clínica. Eu consegui passar por tudo aquilo e hoje tento mostrar para as pessoas que elas podem ter outra vida também, além das drogas. Tive que entender e aceitar minhas limitações“, diz Iuri.

Foto: Ceschini Gerson

Apoio, honestidade, força e esporte

Mas o ponto chave dessa conquista foi a paixão pelo esporte. Com 4 anos Iuri já andava e brincava de skate, uma aproximação natural, como ele mesmo diz. Na época, o atleta praticava o street, que é o skate tradicional com manobras. Com o tempo, fluindo naturalmente, ele passou do street para o longboard e depois para o Downhill. O condomínio que eu morava possuía diversas ladeiras. Meus amigos tinham o longboard e eu comecei a andar. Quando vi, estava descendo de São Pedro para o centro de Juiz de Fora de skate, isso há 15 anos. Já andava de dowhill muito antes de saber o que era essa modalidade”, conta Iuri.

Explicando: a modalidade downhill vem dos primórdios do skate e como o próprio nome diz, consiste em descer ladeiras. Nela, são utilizados skates chamados de longboards, os quais são mais compridos e com rodas mais robustas.

O crescimento na profissão e na vida

O atleta conta que passou cinco anos se dedicando ao skate, com alimentação, treinamentos (funcional como com o próprio skate), presença em campeonatos brasileiros, sul-americanos e mundiais, em busca de resultados para conseguir evoluir de categoria e subir para o profissional. O atleta destaca: “foi através de trabalho duro, dedicação e bons resultados que consegui chegar onde estou“.

Hoje, Iuri conta sua vida nas redes sociais, sempre destacando os momentos que viveu. Para isso, ele tem uma frase que gosta de compartilhar:

Meu propósito como ser humano e atleta é transmitir que é possível viver de forma responsável e saudável sendo divertido e consciente”.

Ele conta que, quando era criança e jovem, não enxergava as responsabilidades futuras que teria quando adulto e via isso como uma vida careta e dentro dos padrões. “Não conseguia me colocar dentro desse estilo e por falta de incentivo na escola, acreditei que era um vagabundo, pois não era o melhor em matemática ou português, eu era bom em todos os esportes que eu praticava, mas isso, na época, não era suficiente”, diz o atleta.

Foto: Ceschini Gerson

Com o tempo, ele enxergou que o modelo de vida que a sociedade pregava não era o correto, nem o que ele gostaria de seguir. “Minha profissão é minha paixão e é maravilhoso viver disso, mesmo com as dificuldade, que é claro, estão em todas as profissões. Hoje, eu busco sempre melhorar e entendi que não preciso das drogas para viver uma vida legal. Minha rotina e vida são alternativas, mas conscientes, honestas e sou realizado com tudo isso”, diz Iuri. 

O atleta mostra, na vida real, como é bom viver, ter seu trabalho e responsabilidades. “Nado contra a maré, então preciso correr atrás, trabalhar, pois não tenho como me bancar. Vou buscando patrocínios de marcas para conseguir me manter no esporte. Eu quero compartilhar uma história real, honesta e sem mentiras. Sem nenhum preconceito ou medo em mostrar o que já fui“, conta.

Circuito Sul-Americano de Skate Downhill 

Todo mundo tem um propósito. O do Iuri é sempre dar o seu melhor nas competições e, se rolar pódio, melhor ainda. O próximo Circuito do qual ele participará vai acontecer na Colômbia, Equador, Peru e, ainda não confirmado, no Rio de Janeiro.

Para esse campeonato, o atleta conta que os treinos estão focados e cada dia mais sérios, com um time forte de profissionais, como fisioterapeuta, treinadores e nutricionista. “Para essa disputa estou focado na pré-temporada, com treinos específicos, como de altitude e resistência, além de disciplina em alimentação e exercícios“, diz Iuri.

A Vakinha 

Para participar do Circuito, Iuri criou uma vaquinha online. Como ele mesmo diz, “…a vida já está complicada para os empresários, imagina para quem precisa deles para viver e trabalhar? Eu preciso de visibilidade para ser reconhecido como atleta. A Vakinha online tem arrecadado uma grana para eu conseguir fazer as viagens e participar do campeonato“, diz Iuri.

O atleta destaca que o skate e o esporte são os principais motivos de ele estar vivo e que ele entende que essa mensagem é para ser passada para frente. “Eu preciso compartilhar com as pessoas que estão passando por um momento difícil ou usando drogas que elas precisam ter esperança e humildade. Hoje, faço isso através da minha profissão e meu hobby, o skate“, finaliza Iuri.

Vamos ajudar: Vakinha online para Circuito Sul-Americano

Foto: João Paulo de Souza

 

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