ROMA: Cuarón e Netflix apresentam um filme perfeito

22 fev | 2 minutos de leitura

Confira a nossa crítica sem spoilers

A capacidade de Alfonso Cuarón para contar boas histórias não é novidade, especialmente após a consagração de Gravidade no Oscar 2014. Esperava-se uma guinada do diretor aos blockbusters ou a dramas feitos para o maior prêmio da indústria cinematográfica. No entanto, Cuarón preferiu seguir o coração e contar uma história baseada na sua infância, que serviria como homenagem para Libo, sua babá.

O primeiro ponto destacável de Roma é o streaming. O filme é uma produção original da Netflix e foi lançado exclusivamente na plataforma e em alguns cinemas e festivais selecionados (visando a participação em grandes premiações nas quais são obrigatórias tais exibições). Consequentemente, gerou uma discussão sobre um filme deste tipo ser o grande favorito para levar os principais prêmios da indústria. O debate é longo, mas é fato que Roma não merece ser julgado de maneira diferente apenas pela forma como foi distribuído. Além de tudo, é um longa-metragem mexicano, algo extremamente relevante em um contexto no qual o presidente dos Estados Unidos possui uma obsessão por muros.

Incrível visualmente, Roma é extremamente sensível e praticamente perfeito. É muito difícil encontrar falhas técnicas, o roteiro é coerente, as atuações são ótimas e as mensagens geram impactos relevantes no público. Cuarón teve um controle completo da obra, atuando como roteirista, diretor de fotografia e, claro, diretor. Não por coincidência, existe um cuidado do diretor para construir personagens, ambientes e contextos sociais de maneira convincente e emocionante. Da mesma forma, existem inúmeras referências na película, tanto aos filmes anteriores e momentos de vida Cuarón quanto ao México dos Anos 1970. Em algumas dessas passagens, por sinal, existem discussões políticas intensas, que dialogam diretamente com o contexto social da protagonista. E que protagonista!

Mesmo não sendo atriz profissional, Yalitza Aparicio tem uma atuação simples, mas emocionante. Ela carrega boa parte do filme com muita expressividade e talento, reconhecidos com uma indicação ao Oscar de Melhor Atriz. O restante do elenco também merece aplausos, especialmente Marina de Tavira (indicada como Atriz Coadjuvante) e Verônica García.

Além das duas indicações nas categorias de atuação, Roma conseguiu está presente em outas oito categorias do Oscar 2019, e todas foram merecidas. A fotografia é belíssima e ousada, portanto deve ficar com a estatueta. Cuarón deve ser premiado como diretor, e o prêmio de Filme Estrangeiro já está praticamente garantido.

Resumidamente, Roma é impecável e pode ser definido como a obra-prima de Alfonso Cuarón e o melhor filme do ano. Tomara que a Academia reconheça isso, independentemente do contexto de distribuição e idioma do longa-metragem.

 

Nota: 5/5