BOHEMIAN RHAPSODY: com trilha grandiosa do Queen, filme peca nos conflitos e personagens

22 fev | 2 minutos de leitura

Confira a nossa crítica sem spoilers

Bohemian Rhapsody - Ombrelo

Bohemian Rhapsody foi um dos grandes sucessos de bilheteria de 2018. O apelo envolvendo a produção foi gigantesco, apesar das reviravoltas envolvendo as gravações e a equipe. O resultado final ficou longe do ideal, mas não foi um completo desastre.

As músicas do Queen empolgam, mas a falta de conflitos e a representação superficial de Freddie Mercury incomodam bastante. Rami Malek não teve a ousadia de cantar, algo que poderia não ser um problema. No entanto, a dublagem não ficou convincente, pois a voz de Mercury é muito icônica, então é praticamente separá-la da imagem do cantor e assimilar com Malek. O ator, por sinal, conseguiu captar alguns dos trejeitos do vocalista do Queen, mas comete falhas de movimento claras durante a representação do icônico Live Aid.

O Freddie Mercury do filme é muito mais simples do que o verdadeiro, que era um ser humano cheio de nuances e um artista extremamente complexo e genial. Em alguns momentos, inclusive, Mercury é tratado de uma forma vilanesca e/ou caricata, visando um endeusamento dos demais membros da banda. E isso pode ser justificado pelo fato de que Bryan May, guitarrista do Queen, foi uma das cabeças por trás da produção. Com isso, temos acesso a apenas um lado da história, em muitas partes do longa-metragem.

O visual dos membros do Queen, incluindo Freddie, foram satisfatórios, apesar do dente de Mercury ser um incômodo, assim como a fragilidade de conflitos consistentes no roteiro. Em determinas sequências, parece que estamos apenas assistindo a um slideshow sobre a história da banda (e uma história repleta de erros históricos), sendo que a pluralidade do Queen poderia render passagens mais aprofundadas marcantes para um produto cinematográfico. Mas o excesso de chapa-branca não permitiu que isso acontecesse.

As inúmeras mudanças envolvendo a equipe de produção também refletem no produto final. Bohemian Rhapsody até tem uma boa montagem, mas o ritmo fica prejudicado em alguns momentos, provavelmente por conta das regravações e troca de direção. E claro, também pelo fraco roteiro. A fotografia não apresenta nada extraordinário, assim como os efeitos visuais.

No entanto, o som de Bohemian Rhapsody merece elogios. A edição e, principalmente, a mixagem são dignas de aplausos. As canções do Queen ficaram ainda mais grandiosas na grande tela, e a sequência do Live Aid consegue arrepiar até aqueles que não gostaram do filme, muito por conta do som ambiente do público inserido na pós-produção.

Bohemian Rhapsody está longe de ser um grande longa-metragem e não merece estar indicado (e vencendo, em alguns casos) a Melhor Filme nas principais premiações. O mesmo serve para Rami Malek nas categorias de Melhor Ator. É fato que ele pegou um personagem mal desenvolvido e conseguiu fazer um bom trabalho, mas sua atuação não é digna de aplausos e prêmios, apenas de respeito. No geral, é um filme legal, principalmente se você gostar do Queen (só não pode ser muito fã, pois pode se sentir ofendido). Ou seja, é bom para passar o tempo e ruim para conhecer Freddie Mercury.

Torçamos para que Rocket Man (filme sobre a vida de Elton John que tem estreia prevista para maio) seja mais ousado e realista do que foi Bohemian Rhapsody.

Positivamente, já sabemos que nele o ator vai cantar. Pelo menos isso.

 

Nota: 3/5