Fellet com Fritas: Sagrado
Por Carolina Fellet
Passei a vida lendo Nelson Rodrigues e ultimamente tenho me tornado leitora compulsiva de Chico Xavier. Nunca a expressão “do sagrado ao profano” (a ordem dos fatores não altera o produto, certo?!) fez tanto sentido para mim.
E assim venho me comportando em outras frentes da minha vida: tenho intercalado Anitta e Kevinho entre a Ave Maria de Gounod para equilibrar a saúde auditiva. Se num dia me empanturro de dieta norte-americana no fast-food, no outro, me inspiro no cardápio dos monges tibetanos, ainda que a receita seja um pouco deturpada pelo processamento ultramoderno da Airfryer e culmine com uma alimentação de seres futuristas (os colonizadores de Marte, por que não?).
Caso fique duas horas no engarrafamento da Brasil inalando a fumaça tóxica da Hilux à minha frente e abreviando minha vida orgânica a menos anos, no fim de semana, vou para um descampado aspirar a fragrância natural de um potrinho.
Dessa forma, venho filtrando os estímulos que levo aos meus sentidos e cuidando melhor da carne de que sou inquilina.